
Renda da casa pesa mais de 40% no salário para 3 em cada 10 portugueses
O custo da habitação tem vindo a subir, ora por via da subida dos juros, ora por via da subida dos preços das casas para comprar e arrendar. Mas os rendimentos disponíveis não evoluem à mesma velocidade, colocando famílias em séries dificuldades financeiras para pagar as despesas da casa. Esta é uma realidade bem visível em Portugal, um dos países da União Europeia (UE) onde que há mais famílias – cerca de 29,4% – a gastar mais de 40% do seu rendimento disponível com a renda da casa. Já no que toca ao peso do crédito habitação sobre os rendimentos, o nosso país é dos que possui menos famílias numa situação de sobrecarga financeira. Explicamos tudo tendo por base os dados mais recentes do Eurostat.
Ter acesso a uma casa digna para viver é um direito de todos. Mas nem todos conseguem fazê-lo sem gastar, pelo menos, 40% do seu rendimento disponível para pagar as despesas com a casa (renda, prestação ou outros custos relacionados com a manutenção da casa). Estas famílias encontram-se, portanto, numa situação de sobrecarga de custos da habitação, tal como define o Eurostat.
Esta sobrecarga financeira é visível por todos os países da União Europeia, sobretudo, no mercado de arrendamento livre, atingindo, em média, 21% da população europeia em 2022. Há 16 países que registaram uma situação ainda pior: nos Países Baixos mais de metade a população (58,1%) é obrigada a gastar mais de 40% do seu rendimento disponível para pagar a renda da casa. Esta realidade atinge 42,6% da população da Roménia e 39,4% da população espanhola.
Também Portugal faz parte desta lista, sendo o 8.º país onde há mais famílias com dificuldades em pagar a renda da casa em 2022. No nosso país, cerca de 3 em cada 10 famílias que arrendam casa estão em situação de sobrecarga financeira, tendo de gastar mais de 40% do seu salário para pagar a renda. Esta é mesmo a percentagem mais elevada em Portugal desde 2016. Há cerca de 12 anos, em 2010, apenas 17,8% dos inquilinos portugueses estavam nesta situação.
No fundo da tabela, está a Eslováquia e a Letónia que possuem cerca de 7,3% e 11,3% da população, respetivamente, em situação de sobrecarga financeira no mercado de arrendamento livre, mostram os dados do gabinete de estatística europeu.
Arrendar casa: % da população nos países da UE com taxa de esforço superior a 40%

Comprar casa: há menos famílias com dificuldades em pagar a prestação da casa
Já no caso dos proprietários que adquiriram casa com recurso a financiamento bancário a realidade é bem diferente. Só 4,7% da população europeia estava, em média, em situação de sobrecarga financeira em 2022, numa altura em que as taxas de juro nos empréstimos habitação já estavam a subir a pique.
Só sete países dos 27 que compõe a UE é que superam esta média. O caso mais grave é o de Luxemburgo, onde 23,1% da população possui uma taxa de esforço superior a 40% pagar a prestação da casa. Logo a seguir está a Roménia e a Grécia, países que possuem 19,2% e 19% da população proprietária, respetivamente, numa situação de sobrecarga financeira.
Neste ponto, Portugal está abaixo da média. No nosso país, apenas 1,4% das famílias que possuem casa própria é que gastavam mais de 40% do rendimento para pagar o crédito habitação em 2022. Esta é uma das percentagens mais baixas da UE mesmo num cenário de subida de juros. Já recuando a 2011, a altura da crise financeira, cerca de 8,5% dos portugueses faziam um esforço superior a 40% para pagar a prestação da casa.
Há países com menos de 1% proprietários com financiamento bancário em situação de sobrecarga financeira, como é o caso do Chipre (0,2%), da França (0,6%) e a Bélgica (0,7%), revelam os mesmos dados.
Comprar casa: % da população nos países da UE com taxa de esforço superior a 40%

Fonte: https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2023/07/06/58531-renda-da-casa-pesa-mais-de-40-no-salario-para-3-em-cada-10-portugueses