
Comprar ou arrendar casa?
O tão esperado momento da vida adulta chega eventualmente: devo arrendar ou comprar uma casa? É uma questão que se abate sobretudo sobre os jovens, chegado o momento em que querem sair de casa dos pais e precisam de decidir, efetivamente, o tipo de investimento que querem (e podem) fazer. É certo e sabido que os tempos para adquirir habitação em Portugal estão difíceis, sendo cada vez menor a oferta acessível disponível para comprar e mais comuns os apoios concedidos a quem se vê a par com rendas mensais. As rendas aumentam de foram exponencial, os empréstimos à habitação têm indexadas taxas de juro que sobem cada vez mais e as previsões não se mostram favoráveis para quem agora decide iniciar o processo de procura de casa.
As respostas à questão vão depender, fundamentalmente, das possibilidades, contexto e necessidades de cada indivíduo ou agregado familiar e, geralmente, surgem muitas outras perguntas para quem de facto inicia este processo, com todas as incertezas que ele também implica. Devo permanecer na zona onde resido atualmente? Vou precisar de mais divisões para um possível aumento da família? Tenho uma fonte de rendimento estável? Poderei progredir na carreira e ter de mudar de cidade? Terei despesas com as quais não estou a contar? São infinitas as questões…
Não existe uma fórmula concreta para esta situação, nem de longe um manual de instruções que lhe possa responder a estas perguntas. No entanto, o nosso objetivo é encaminhá-lo da forma mais sensata e preparada possível, expondo alguns detalhes com os quais pode ponderar a sua decisão.
Ser proprietário de uma casa
Este é talvez o objetivo principal de muitas pessoas, sobretudo em início de vida independente. Além de ser um investimento altamente vantajoso, ao adquirir um imóvel, este passará a pertencer-lhe a si e como parte do seu património.
No entanto, comprar uma casa é bastante difícil devido aos grandes custos associados, sendo da sua inteira responsabilidade todos os cuidados que dela advenham. Seja obras, manutenção, instalação de equipamentos, etc., ficará tudo a seu encargo, ao contrário do que poderia acontecer numa casa arrendada. Além disso, o embate inicial é extremamente amargo… é necessário ter capital disponível para dar resposta às taxas e comissões exigidas pelo banco, caso proceda a um empréstimo habitação, e ao Estado – como o seguro da casa ou o IMI, por exemplo, que recai sobre todos prédios rústicos ou urbanos situados em território nacional. É uma despesa bastante avultada, para não falar da entrada inicial cujo valor o crédito habitação não vai cobrir.
É preciso ter em consideração, além de todos este pormenores que, caso faça um empréstimo habitação, quer opte pela taxa fixa, quer pela taxa variável, será obrigado a pagar todos os meses uma prestação cujo valor deverá ter a certeza conseguir pagar. E para isso sugerimos uma reunião com o seu banco, de forma a medir possibilidades e não dar um passo maior do que pode, até porque só o poderá obter mediante autorização e análise às suas fontes de rendimento.
Quais são as vantagens?
A primeira, fundamental, é de facto a construção de património próprio. Depois, a liberdade associada ao facto de ter em sua posse um bem que lhe pertence, podendo fazer o que quiser com ele: pintá-lo, furar paredes, construir anexos, alterar espaços interiores, etc. E finalmente, a maior vantagem, é o investimento que lhe pode oferecer, no caso de revenda do imóvel, lucro.
Desvantagens?
Ora, com o investimento vem também a ginástica financeira, e para isso é recomendado que tenha de parte o dinheiro necessário aos encargos associados para compra, e ainda a mensalidade da prestação do crédito habitação. É muito raro alguém ter o dinheiro a pronto, daí a importância de uma poupança disponível, nem que seja para avançar com os 10% necessários à entrada inicial. Caso não os tenha, é improvável que consiga avançar com a transação.
Caso compre um imóvel que esteja integrado num condomínio prepare-se também para suportar estes custos. Prepare-se para o seguro do imóvel, custos de manutenção e outras despesas tais.
Outra desvantagem, caso não tenha a certeza de como será a sua vida nos próximos tempos, tem a ver com o facto de ficar limitado a uma habitação, sobretudo se estiver a pagar crédito habitação. Enquanto tiver de pagar prestação ao banco, terá de assumir os encargos, sem a possibilidade de abdicar da casa sem mais nem menos ou trocar de localização. Estabelece-se uma ligação ao imóvel, que vai ter de gerir durante os anos contratados.
Caso esteja de facto a pensar comprar um imóvel, consulte várias entidades bancárias para se certificar dos custos do crédito habitação, comparando propostas e vendo aquela que lhe possa ser mais vantajosa. E peça ajuda a um consultor imobiliário para ter a certeza de que tem à sua disposição as melhores opções do mercado.
Ser inquilino de uma casa
Este é o cenário mais comum nos dias que correm, no entanto, a casa não será sua. Neste sentido, deverá ter mais atenção à forma como cuida dela, arriscando-se a perder a caução facultada ao senhorio no início do contrato, caso as instalações não estejam como as encontrou no início da sua mudança. No entanto, os contratos de arrendamento dão-lhe outras liberdades que seriam impensáveis noutra situação e, por isso, caso verifique instabilidade na sua vida, quer financeira, quer pessoal, talvez arrendar uma casa seja a melhor opção de momento.
Existem, no entanto, alguns riscos em arrendar:
A rescisão do contrato poderá ser antecipada pelo senhorio, deixando-o numa situação vulnerável caso se veja obrigado a abandonar o imóvel. Além disso, o contrato pode efetivamente terminar sem renovação, que apesar de poder ser anunciada previamente, implicará desafios. Terá de procurar um novo imóvel, passar novamente pelo processo de mudança, e esse nem sempre é o cenário ideal, sobretudo se tiver a seu encargo crianças ou situações especiais às quais é necessário dar uma resposta célere.
Sendo inquilino, deve estar em alerta para qualquer situação que possa ocorrer. Nem sempre são previstas e, por isso, de um dia para o outro, a sua situação pode mudar. Hoje em dia, os contratos de arrendamento estão preparados para salvaguardar ambas as partes, mas nem sempre é possível assegurar o melhor desfecho.
Caso esteja na dúvida entre comprar ou arrendar casa, pondere bem as suas opções e peça ajuda a quem de interesse para o ajudar, sejam mediadores imobiliários ou intermediários de crédito. É importante considerar todas as opções disponíveis, de acordo com a sua situação, e ter a certeza de que está, efetivamente, a tomar uma decisão que vai ao encontro das suas possibilidade e daquilo que idealiza para o seu futuro a curto, médio e longo prazo.
Fonte: https://supercasa.pt/noticias/comprar-ou-arrendar-casa-o-supercasa-responde/n4515