Venda de casas em Portugal atinge recorde em 2022 apesar da inflação

22 Mar

Venda de casas em Portugal atinge recorde em 2022 apesar da inflação

Preço das casas subiu 12,6% em 2022, tendo registado também um máximo histórico, destaca o INE. Casas novas ganham terreno.

Nada parece travar o negócio das casas em Portugal. Mesmo num contexto de instabilidade económica, alta inflação e de subida dos juros no crédito habitação, o mercado residencial somou recordes em 2022. Quem o diz é o próprio Instituto Nacional de Estatística (INE) revelando que foram transacionadas 167.900 habitações em Portugal durante o ano passado, o que constitui o registo mais elevado de sempre. E também os preços das casas subiram 12,6% em 2022, “a taxa de variação anual mais elevada na série disponível”.

Mesmo com receios gerados pelo atual clima macroeconómico, as famílias continuaram a avançar com a compra de casa em Portugal, de tal forma que foi registado em 2022 o maior número de vendas de sempre. “No ano de 2022 foram transacionadas 167.900 habitações, o registo mais elevado da série disponível”, começa por explicar o INE no boletim publicado esta quarta-feira, dia 22 de março. Estas vendas de casas movimentaram um total de 31,8 mil milhões de euros no mesmo ano.

“Por comparação com o ano anterior, observou-se um aumento de 1,3% no número de transações, o que, excetuando o ano de 2020 fortemente condicionado pelo efeito da pandemia Covid-19, constituiu o menor crescimento no número de transações desde 2012”, informa ainda o gabinete nacional de estatística.

Mas importa salientar que a evolução dos negócios das casas não foi sempre igual ao longo do ano. “Na primeira metade do ano, observou-se um crescimento do número (e do valor) de transações de 14,1% (30,7%, em valor)” face ao ano anterior, explica o INE. Mas na segunda metade do ano a situação “inverteu-se, observando-se uma redução de 9,6% no número de transações (-1,0%, em valor)”, indica ainda. Estes dados sugerem que os efeitos da subida dos juros e da alta inflação só começaram a ser sentidos no mercado nos últimos seis meses do ano.

Preços das casas dão maior salto de sempre em 2022

As casas para comprar estão a ficar cada vez mais caras em Portugal – é certo. Agora sabe-se que em 2022 atingiram uma evolução recorde. “Em 2022, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) continuou a evidenciar uma dinâmica de crescimento dos preços das habitações transacionadas”, explica o INE. Depois concretiza, que os preços das casas subiram 12,6%, “a taxa de variação média anual mais elevada na série disponível, o que representa um acréscimo de 3,2 pontos percentuais (p.p.) por comparação com 2021”, destaca ainda.

Além disso, a mesma publicação destaca que “o crescimento dos preços das habitações observou-se em ambas as categorias, tendo sido mais intenso nas habitações existentes (13,9%) relativamente às habitações novas (8,7%)”.

Embora a evolução do preço das casas tenha atingido máximos históricos em 2022, na reta final do ano este aumento abrandou. “No quarto trimestre de 2022, o IPHab registou uma taxa de variação homóloga de 11,3%, menos 1,8 p.p. que no trimestre precedente e a taxa mais baixa do ano”, indica o instituto. Também neste trimestre, o aumento do preço das casas usadas foi superior à evolução dos preços das casas novas (12,7% e 7,1%, respetivamente).

Venda de casas novas ganha expressão em 2022

A venda de casas em Portugal bateu recordes em 2022, mediante a transação de 167.900 habitações e a mobilização 31,8 mil milhões de euros, valor esse que se traduz num aumento de 13,1% relativamente a 2021. E o negócio das casas trouxe ainda mais novidades. Ao contrário do que se tem verificado até então, em 2022 a compra de casas novas ganhou expressão face à aquisição de casas usadas, revela o INE:

  • Casas novas: observou-se um aumento de 8,5% no número de transações entre 2022 e o ano anterior. Estas vendas das habitações novas mobilizaram 7,7 mil milhões de euros, mais 18,2% do que em 2021. Já no último trimestre de 2022 verificou-se uma redução do número de habitações novas transacionadas (-10,9%), bem como uma queda do valor movimentado (-7,1%).
  • Casas usadas: registaram uma redução de 0,1% no número de vendas durante o ano passado. Já o valor das transações das casas usadas subiu 11,6% para 24,1 mil milhões de euros. De notar ainda que entre outubro e dezembro de 2022 foram vendidas menos 17,1% casas usadas do que no mesmo período do ano anterior e, em resultado, movimentou-se menos capital (-11,5%).

Quem compra mais caras em Portugal?

Foram as famílias as responsáveis pela grande maioria da compra de casas em Portugal, protagonizando 145.515 transações habitacionais em 2022 – 86,7% do total das vendas, sendo este o “registo mais elevado desde 2019”. Estes negócios movimentaram no país 27,3 mil milhões de euros (85,8% do total), mais 13,2% do que no trimestre anterior. Os setores institucionais foram responsáveis pelas restantes 22.385 transações.

As 167.900 habitações foram vendidas a proprietários oriundos de diferentes geográficas, muito embora os residentes em Portugal continuem a representar a grande maioria:

  • Compradores com domicílio fiscal em Portugal adquiriram 157.178 habitações em 2022 (93,6% do total), desembolsando cerca de 28 mil milhões de euros;
  • Compradores com domicílio fiscal em outros países da União Europeia: foram responsáveis por transacionar 5.812 casas (+27,5% face a 2021), movimentando um total de 1,6 mil milhões de euros;
  • Compradores com domicílio fiscal nos restantes países: protagonizaram a aquisição de 4.910 unidades em 2022 (+12,5%), mediante o pagamento de quase 2 mil milhões de euros.

Embora os residentes em território nacional continuem a representar a maior fatia das transações e do valor total movimentado, as vendas protagonizadas por estrangeiros continuam a ganhar terreno. “Relativamente às transações de alojamentos por compradores com domicílio fiscal fora do território nacional, registou-se um crescimento de 20,2% face ao ano transato, contabilizando-se 10.722 alojamentos. Este resultado corresponde a um acréscimo de 1,0 p.p. no peso relativo das aquisições por compradores fora do território nacional (6,4%) em relação a 2021”, destaca o INE.

Ainda assim, na reta final de 2022 observou-se uma queda homóloga de transações de casas em todas as origens dos compradores (nacionais e estrangeiras), tendo sido mais expressiva nos estrangeiros oriundos de países além das fronteiras europeias.

Onde é que se compraram mais casas?

A venda de casas em 2022 dinamizou o mercado residencial de norte a sul no país, mas não de igual forma. Há regiões que atraem mais as famílias e investidores a adquirir habitação, tal como mostram os dados o INE:

  • Área Metropolitana de Lisboa: aqui foram transacionadas 50.218 casas, representando 29,9% do total das transações. No que diz respeito ao investimento foram alocados um total de 13,3 mil milhões de euros (cerca de 41,7% do total);
  • Norte: registaram-se 47.303 transações, correspondendo a 28,2% do total. A compra de casas na região Norte do país movimentou 7,4 mil milhões de euros (23,2%). Dentro desta região está a Área Metropolitana do Porto, onde foram vendidas 25.242 casas por 4,7 mil milhões;
  • Centro: contabilizou 35.516 transações, 21,2% do total. Estes negócios movimentaram cerca de 4,2 mil milhões de euros (13,2% do total);
  • Algarve: aqui foram vendidas 15.123 casas em 2022, representado 9% do total. Estas transações somaram cerca de 4,3 mil milhões de euros (13,5%);
  • Alentejo: nesta região foram compradas 12.652 casas (cerca de 7,5% do total), captando cerca de 1,4 mil milhões de euros (4,4%);
  • Região Autónoma da Madeira: aqui totalizaram-se 4.142 transações (2,5% do total). Foram alocados à região madeirense cerca de 841 milhões de euros em 2022 (2,6%);
  • Região Autónoma dos Açores: transacionaram-se 2.946 habitações, o que correspondeu a uma quota regional de 1,8%. Em resultado, foram investidos 419 milhões de euros em habitação (1,3% do total).

Fonte: https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2023/03/22/57221-venda-de-casas-em-portugal-atinge-recorde-em-2022-apesar-da-inflacao-em-atualizacao