Construção sustentável: Uma tendência que veio para ficar

19 Dez

Construção sustentável: Uma tendência que veio para ficar

Investimento na construção com consciência ambiental ganha cada vez mais adeptos a nível global.

Mais do que uma tendência, nos últimos anos, a construção sustentável tem conquistado uma quota de mercado cada vez mais significativa, não só no mercado da construção em Portugal como a nível global, angariando anualmente cada vez mais adeptos deste tipo de investimento. A sustentabilidade está na ordem do dia e este tipo de obra apresenta-se como uma solução que agrega em si mesma um conjunto de práticas adotadas antes, durante e após os trabalhos de construção que têm como principal objetivo a não agressão do meio ambiente, ao mesmo tempo que garante melhor conforto térmico sem a necessidade (ou com necessidade reduzida) de consumo de energia.

Desta forma, a construção sustentável atua em duas vertentes diferentes em simultâneo: ao mesmo tempo que assegura uma maior qualidade de vida dos seus moradores, garante a utilização de materiais e técnicas que promovem uma maior eficiência energética e a sustentabilidade da construção.

O conceito de Construção Sustentável surge em 1994, por Charles Kibert, assumindo-se como um processo através do qual o sector da construção passaria a responder à necessidade de satisfazer os requisitos do desenvolvimento das sociedades através da redução do consumo de recursos, da produção de resíduos e das emissões de gases poluentes. Atualmente, países como EUA, Japão e muitos países da Comunidade Europeia – incluindo Portugal – já desenvolveram programas de incentivos para empresários e particulares que optem pela construção eficiente, seja de raiz ou através da requalificação de habitações existentes. Os principais incentivos atribuídos são destinados à redução do consumo de energia.

Os princípios fundamentais da construção sustentável nas suas várias fases, desde a fase de projeto, até às fases de desconstrução/demolição, baseia-se nas seguintes etapas:

  • Preconceber projetos que durante o seu ciclo de vida tenham em consideração a redução do uso contínuo de recursos;
  • Face à sua localização e clima, tirem vantagem da orientação solar, iluminação e ventilação natural;
  • Redução da ocupação do solo;
  • Utilização de materiais eco-eficientes, locais, recicláveis, duráveis e de baixa energia incorporada;
  • Utilização de materiais não tóxicos que tenham em consideração a preservação do ambiente e dos sistemas naturais;
  • Durabilidade dos edifícios, desde a fase de projeto, com indicações específicas para a conservação e manutenção dos mesmos, com os objetivos finais de redução de custos, eficiência no uso, conforto e qualidade habitacional.

Ou seja, uma edificação sustentável começa antes mesmo da construção com a escolha de materiais menos agressivos, duradouros e que exijam o mínimo de impacto possível para a sua obtenção. Aqui pode ser considerada a utilização de materiais reciclados como matéria prima que podem ser classificados em dois tipos: pós-industrial, quando o material reciclado é proveniente de resíduos industriais e pós-consumo. Este é o caso de tijolos, madeira e outros entulhos provenientes de demolições que podem ser aproveitados na construção ou reciclados e transformados em outros materiais como o cimento feito de cinzas de chaminés. Em seguida, é necessário confirmar e garantir junto dos fornecedores que estes materiais têm uma procedência ambientalmente segura, principalmente quando se tratar de madeira.

Ainda na fase de pré-construção, deve ser analisado o ciclo de vida do empreendimento e dos materiais usados, o estudo do impacto ambiental da construção através de um planeamento da gestão dos resíduos que serão gerados e melhor forma de utilização do material, além de que a planta deve ser desenhada de modo a aproveitar ao máximos os recursos naturais disponíveis, como é o caso da ventilação e da iluminação natural. Estes cuidados irão contribuir para uma redução do consumo de energia e água através da implantação de formas alternativas de energia como a energia solar, a energia eólica, etc.

Durante a construção, devem ser adotados cuidados para evitar o desperdício de materiais, o que, além de gerar ganhos ambientais com a minimização do uso de matérias-primas, ainda gera ganhos económicos para o dono da obra que economizará na utilização desses mesmos materiais.

Quando finalizada a obra, devem ser observados os cuidados necessários no destino dado aos próprios resíduos gerados aos longo da construção, daí a importância de utilizar materiais não tóxicos ao longo de todas as etapas da construção.

Depois de pronta, a construção sustentável deverá ter uma recolha seletiva e um local específico para acondicionar os resíduos recicláveis. Aos moradores ou proprietários da habitação, resta-lhes apenas desfrutar de uma construção com todas as comodidades, com um consumo de energia eficiente e económica.

Fonte: https://supercasa.pt/noticias/construcao-sustentavel-uma-tendencia-que-veio-para-ficar/n4163